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Com saúde não se brinca!

Atualizado: 4 de set. de 2020

As mais antigas tradições da humanidade se referem à saúde como um estado de bem estar, um sentimento de paz interior, que resulta da integração equilibrada do corpo, das emoções, da mente e da espiritualidade, numa pessoa. Mas os tratamentos convencionais, muitas vezes causam, eles próprios, tamanho desconforto e reações colaterais que superam o mal causado pela própria doença. Este é um dos motivos que vem trazendo cada vez mais pessoas para as terapias complementares e até mesmo alternativas, que fazem uso da função medicinal das plantas. O cirurgião Paulo de Tarso Lima, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, afirma “eu não tenho a menor dúvida de que a medicina convencional é extremamente efetiva em se tratando de doença, mas saúde não é apenas ausência de doença”. A busca pela saúde tem levado a outras abordagens terapêuticas, constituindo uma alternativa cada vez mais procurada pela população. A própria OMS - Organização Mundial de Saúde, criou um Programa Internacional de Atendimento Primário em Saúde, incorporando essas terapias, visando otimizar o atendimento à saúde de mais da metade da humanidade, que não tem condições de ser atendida pelos sistemas oficiais. O interesse popular e institucional vem crescendo no sentido de fortalecer, sobretudo a fitoterapia, no SUS (Sistema Único de Saúde). A partir da década de 80, diversos documentos foram elaborados, enfatizando a introdução do uso de plantas medicinais e fitoterápicos na atenção básica do sistema público. Com o desenvolvimento dos fitoterápicos – medicamentos obtidos através da matéria prima das plantas medicinais – tem sido reconhecidos também suplementos alimentares, cosméticos, inseticidas e até defensivos agrícolas que não apresentam efeitos adversos em seu uso. Sua preparação é submetida a rigorosa análise pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a cada dia surgem novas pesquisas científicas em etnofarmacologia. Chega a ser inadmissível não promover o desenvolvimento dos fitoterápicos em nosso país. A biodiversidade brasileira é a mais rica do planeta. Em 1993 foi cunhado o termo “bioprospecção” para definir a atividade de “exploração da biodiversidade, com a finalidade de descoberta de recursos genéticos e substâncias bioquímicas comercialmente úteis”. Ou seja, lamentavelmente, a finalidade do estudo e pesquisa das espécies medicinais ficou atrelada ao interesse comercial dos laboratórios. Mas, graças a iniciativas de pioneiros na área, surgem programas que promovem o avanço desses estudos em nosso país, O Programa Farmácias Vivas surgiu há quase 30 anos, quando o professor Francisco José de Abreu Matos, da Universidade Federal do Ceará (UFC), percorreu o interior do nordeste colhendo informações das plantas (e seu uso), levando-as ao laboratório para verificar a segurança do produto, e procurando sua molécula e sua substância ativa para confirmar o relato da população. “É um resgate da informação farmacêutica da própria população.” O professor Abreu Matos conseguiu a adesão do estado para o programa Farmácia Viva, e sistematizou o conhecimento acerca das plantas, trabalhou nas periferias capacitando as pessoas para que cada comunidade pudesse ter sua farmácia. O objetivo do Programa é fazer com que a população receba orientações sobre como empregar corretamente as plantas medicinais e possa fazê-lo com segurança. Segundo a profa. Silvana Nagai, diversos fitoterápicos são usados atualmente até pela odontologia, como é o caso da solução cicatrizante da ‘aroeira’ , junto com anti-séptico bucal da ‘alfavaca’ e do ‘alecrim pimenta’. O cultivo da aroeira é feito dentro de uma proposta ecológica: das próprias mudas são extraídos os princípios ativos da planta, evitando com isso cortar as árvores. O fitoterápico da aroeira também pode ser usado para tratamento de gastrites e úlceras, além de aliviar as inflamações da pele. Um outro ramo do uso das plantas medicinais é a aromaterapia e os florais. Os óleos essenciais extraídos das plantas (flores, folhas, troncos, raízes, sementes) têm sido amplamente usados para combater os micro-organismos e estimular a atividade dos órgãos e das células envolvidas. Seus resultados comprovados para tratamentos de resfriados comuns, sinusites, laringites e bronquites crônicas são extremamente promissores. Muitos outros sintomas são atualmente tratados com sucesso pela aromaterapia. A Terapia Floral, sistema criado pelo médico inglês Edward Bach, entre os anos de 1928 e 1934, é na verdade um método já conhecido há milênios, e seus princípios foram compartilhados pela medicina Védica e Chinesa. Os mesmos princípios influenciaram o pensamento de Rudolf Steiner (Antroposofia) e Hahnemann (Homeopatia). Os princípios básicos de todos eles são, combater a enfermidade em suas causas, não em seus efeitos; e curar sem agredir. A dra. Zilda Ribeiro publicou, em 2003, sua tese de mestrado, em Florianópolis, sobre pesquisa realizada com crianças em Campinas. Com o título de “Qualidade de Vida em Saúde - Estudo de Caso com uso da Terapia Floral em crianças portadoras de doenças crônicas atendidas numa unidade básica de saúde”, a dra. Zilda demonstrou que é possível obter a cura utilizando unicamente os florais. Nos últimos anos, muitas outras teses vem sendo apresentadas regularmente em universidades de todo o país. Atualmente a Terapia Floral está incluída entre as terapias vibracionais, assim como a Homeopatia, a Acupuntura, a Cromoterapia, entre outras. O COFEN - Conselho Federal de Enfermagem determina que enfermeiros podem desenvolver práticas naturais, desde que busquem cursos de especialização com, no mínimo, 360 horas. E o SUS – Sistema Único de Saúde acolhe terapias alternativas e complementares , com fundamento na Portaria nº 971, do Ministério da Saúde, publicada em 4 de maio de 2006, embora não delegue competência aos terapeutas quando fica comprovada sua falta de formação especializada e oficial. No primeiro Simpósio sobre Práticas Integrativas realizado na Unicamp em agosto de 2011, com a presença de 175 profissionais de todo país, pudemos constatar o movimento em direção à capacitação dos profissionais de saúde interessados nessas terapêuticas no processo de cuidar. O movimento cresce com o apoio do Ministério da Saúde, que liberou verbas para pesquisas nesta área e incentiva a formação de profissionais nessas práticas complementares.


Autor Mani Alvarez

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